Quando se pensa em Hitchcock consequentimente se pensa em suspense. Não é a tôa que ele é considerado um dos grandes diretores que possui o título de: mestre do suspense.
Dirigiu filmes como Festim Diabólico (1948), Psicose (1960) e Pássaros (1963).
Em Janela Indiscreta, o fotógrafo profissional J.B. Jeffries (James Stewart) está em uma cadeira de rodas por causa de uma perna quebrada e é obrigado a ficar preso dentro do seu apartamento. O seu tédio vai aumentando, surge uma obsessão em observar a vida dos seus vizinhos pela janela. Quando começa a suspeitar que o vizinho vendedor possa ter matado a própria mulher, Jeffries conta com a ajuda de sua namorada Lisa (Grace Kelly) para desvendar esse mistério.
Esse filme nos dá uma impressão de estarmos em um espetáculo de teatro, é como se as cortinas estivessem sido abertas e a 'vida alheia' seria o grande espetáculo.
A câmera subjetiva é o plano de câmera mais importante nessa obra. É ela que nos coloca sob a ótica do personagem principal, conferindo-nos a própria pele de um vouyer. Como um grande diretor que é Hitchcock não comete o erro de deixar apenas a visão da câmera subjetiva, ele sempre mostra a reação de “Jeff” a tudo que ele está vendo. Devido a esse fator o público pode se identificar com o herói.
É com a câmera subjetiva que testemunhamos outro ponto interessante no filme de Hitchcock: as sub-tramas perpetradas pelos vizinhos do personagem principal. Há a bailarina amadora, o casal recém-casado, a mulher solitária, o pianista, o casal com o cachorro, a velha artista plástica excêntrica e o vendedor suspeito com sua mulher enferma.
A surpresa acontece quando o público é arrebatado por algo que não esperava que acontecesse, enquanto que o suspense é algo que o público conhece, mas que a personagem desconhece. Exemplo de surpresa nesse filme em particular é a seqüência em que todas as suspeitas pareciam infundadas e de repente um grito alerta para a morte inesperada do cachorro. O suspense bem explícito é a seqüência onde a personagem de Grace Kelly está dentro do apartamento do vizinho e apenas o público, juntamente com Jeff e sua enfermeira sabemos que o possível assassino chegou a casa.
Lisa (Grace Kelly), no decorrer do filme cresce como personagem, quer mais do que tudo ajudar seu namorado a desvendar o mistério do vizinho vendedor, ela entra dentro da trama e acaba agindo de maneiras que não são muito esperadas pelo público, pois no início do filme Lisa tem um extereótipo de patricinha, fútil, despreocupada com tudo que não seja ela própria.
Durante seus 112 minutos, Janela Indiscreta é um filme que possui um enredo impar, pois oferece uma trama reflexiva, envolvente, que brinca com a imaginação e com a realidade o 'pode ser', 'será que é?'.
É quase inevitável não ser levado a concordar com Jeff, já que os desdobramentos da história são filtrados pelo seu olhar, mas Hitchcock não se vale de maniqueísmos, e Stewart constrói um personagem fronteiriço entre a bondade e a implacabilidade. Na sua necessidade de distração, Jeff acabou por se agarrar ao caso que lhe surgiu da janela de sua casa, mesmo que estivesse cometendo um terrível engano.
Com um fim interessante, Janela Indiscreta é um 'clássico', por suas qualidades mais que explícitas.

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