Todas as mulheres retratadas em uma só, assim se poderia caracterizar a maioria dos personagens diretor e roteirista tão singular Pedro Almodóvar.
O cinema tenta de todas as formas suprir os desejos do público amplo, alimentando, construindo os sonhos da vida contemporânea. Contudo Almodóvar procura através de fatos do cotidiano sempre com autenticidade, atitudes polêmicas, fugindo totalmente do comum, intrigando as pessoas com o que relata e da forma relatada, as mais diversas situações em seus filmes.
A ironia é a marca da sua autonomia. Comédia, drama, melodrama sempre bem representados através de personagens femininas das mais diversas características.
Não basta ter sensibilidade e sagacidade no campo artístico, tem que possuir inteligência, talento, determinação e essas características estão presentes no trabalho de Almodóvar.
Inicialmente, registra-se que, a matéria prima de seus filmes é a classe média espanhola, no início da década do consumo, com seus dramas e misérias.
Almodóvar, autor de dezesseis longas metragens, ganhador do Oscar em 2000 como melhor filme estrangeiro com “Todo sobre mi madre”, seu primeiro longa metragem foi em 1980 com “Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón”. Suas abordagens em seu primeiro filme provocaram escândalo e admiração de amplos setores na Espanha, devido a poucos recursos financeiros, desenvolve o filme com o que tem, obtendo ajuda de amigos para concluir esse trabalho. Seu penúltimo filme foi Volver (2008), um filme que retrata três gerações de mulheres que sobrevivem ao vento, ao fogo, à loucura, à superstição e, inclusive, à morte. Segundo Almodóvar“Volver não é uma comédia surrealista, apesar de parecer em alguns momentos. Vivos e mortos convivem sem estridências, provocando situações hilariantes ou de uma emoção intensa e genuína. Volver é um filme sobre a cultura da morte.”
Pedro Almodóvar quebra paradigmas, buscando retratar as mulheres de uma forma diferente, sem seguir o padrão da mídia em geral.
Solidão, ironia, ousadia o acompanham em suas relações e simultaneamente, compõe sua personalidade que é transmitida em seu trabalho.
Fugindo da concepção Hollywoodiana de que o cinema é apenas entretenimento e outras leituras não signifique muita coisa, Almodóvar em meados de 1985 surgiu, inovando, fez uma reciclagem das produções do seu período para mostrar suas novidades, um estilo diferente de fazer cinema, causando certo desconforto em relação aos rótulos impostos pela crítica e mídia em geral. Tendo como temas a sexualidade livre, o resgate do cotidiano, as pessoas comuns, rejeitando-se o “cinema de arte” dos anos 50. Retratando a sensualidade na cultura Espanhola, no tom de voz, nas danças flamencas, nas touradas – como no filme Matador (1986)- buscando mostrar o feminino de uma forma livre, simples ao mesmo tempo detalhada.
Nas suas obras aparecem personagens ou atitudes não convencionais, quebra de valores morais, paixões excêntricas, compondo personagens atípicos e inusitados que fogem as regras tradicionais do comportamento humano.
A questão do gênero é bem presente, o feminino e o masculino, contudo nesse projeto a questão principal é como a mulher é retratada, suas atitudes em relação ao círculo social em que pertence, como Almodóvar mostra isso, a singularidade dele, pois no cinema Hollywoodiano a mulher em geral é vista como símbolo sexual e nada mas, além disso.
Filmes com histórias girando em torno de problemas de relacionamento, sobre amor-desamor, ciúmes, traição e de não colocar peso político em primeiro plano. A captação do cotidiano, problemas que parecem sempre intransponíveis, reconhecendo o problema, mas algumas vezes o encarando satiricamente, personagens muitas vezes toxicômanos, a dependência pelas drogas mostrada na maioria de seus filmes, uma eclosão de vários estilos, bem expressivos, havendo uma liberdade nas narrativas (...)
Texto extraído do meu pré-projeto de iniciação científica.

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