quarta-feira, 4 de maio de 2011

A chegada do Trem


Filme: “A chegada do trem à Estação” - Lumière (1895).
   O primeiro filme produzido pelos Irmãos Lumiére foi exibido em Paris e com ele trouxe muito espanto para os espectadores. A reação de terror do público foi intensa, eles pularam de suas cadeiras ou gritaram, ou se levantaram e correram para fora do auditório pois muitos acreditavam que o trem iria tomar forma real e sair da tela. Os primeiros espectadores eram, de acordo com esses mitos, ingênuos e defrontavam-se com as imagens ameaçadoras e violentas sem defesas, sem qualquer tradição a partir da qual entendê-la.
Houve uma confusão entre realidade e imagem.
   A platéia era de sofisticados citadinos em busca de prazer, cientes de que estavam vendo as mais modernas técnicas do ofício teatral; oscilação entre convicção e dúvida.
As primeiras projeções de Lumière, os filmes eram apresentados inicialmente como imagens congeladas, projeções de fotografias imóveis.
O que exposto diante da platéia não é tanto o avanço iminente do trem mas a força do aparato cinematográfico.
A transformação da fotografia imóvel na ilusão do movimento, surpreende os espectadores e ostenta o fascínio pelo cinematográfico e sua novidade.  
   A maioria das primeiras projeções, um monólogo era proferido, acompanhando o espetáculo, preparando a platéia para o filme e criando uma atmosfera dramática.
Essas falas antes das projeções, criava uma atmosfera de expectativa, uma curiosidade fermentada com ansiedade, ao salientar as novas e surpreendes capacidades da atração preste a aparecer. Gerava grande impacto com as primeiras projeções, era algo totalmente novo para a sociedade.
   Esse cinema que precede o domínio da narrativa (e o período dura quase uma década até 1903 ou 1904) é chamado de “Cinema de Atrações.”
Esse cinema de atrações exige uma certeza inteiramente cinematogŕafica engajando a curiosidade do espectador. O espectador permanece “consciente da ação do olhar”, da exitação da curiosidade e de sua satisfação.
Esse cinema lança-se ao encontro de seus espectadores por meio de inúmeros recursos formais, que vão desde a colisão sugerida pelos primeiros filmes de trem até um estilo praticado no mesmo período, em que os atores se inclinavam e gesticulavam para a câmera (exemplo: Méliès).
Os primeiros curtas-metragem são fascinantes. Méliès utilizava muito o surrealismo, dadaísmo, a mágica era sempre presente, os 'efeitos especiais' eram muito utilizados,  os espectadores ficavam fascinados com o fato de um personagem desaparecer no meio da cena e depois voltar.
A questão do enquadramento da camêra é singular, pelo fato delas serem grandes e pesadas não havia possibilidades de movimentá-las, logo toda a cena acontecia em um enquadramento só, os personagens se movimentavam apenas naquele espaço e tudo acontecia ali, por isso que os primeiros curtas tinha objetovs em movimento como trem, pessoas andando e etc.
A expressão dos atores era intensa, pois como o cinema era mudo eles abusavam dos gestos, expressões faciais.
O início do cinema, os primeiros curtas, as primeiras descobertas é extremamente fascinante. Compará-lo com o que é hoje e aonde chegou é incrível pois pela época em que 'nasceu' (1890 mais ou menos), já estava avançado.

fontes:

Uma estética do espanto” - Tom Gunning

Ben Singer “Modernidade, hiperistímulo e o início do sensacionalismo popular.”


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